Bangladesh
Em Bangladesh a lei permite que
jovens com mais de 18 anos possam pedir autorização pra se prostituírem. No
país a prostituição é vista como uma necessidade económica. Mas a religião
hindu considera as prostitutas como impuras até os filhos são considerados
imorais.
Daulatdia é um bairro de lata, onde existe pobreza, miséria e doenças.
Em cada casa há pelo menos uma prostituta. É chamada de cidade impura. Mas
Daulatdia tem o seu próprio sistema de classes. Na base estão as chukris que são
jovens que foram vendidas a uma madame como escravas sexuais. No meio estão as
bharatia, são prostitutas independentes que conseguiram comprar a sua liberdade
às madames mas não têm dinheiro para sair daquele bairro de lata. Podem ganhar
até 20 dólares por dia mas têm de pagar a bordéis para a renda, comida e
electricidade. Se falharem um pagamento ficam sujeitas a multas. No topo estão
as shordanis ou madames e são as donas das chukris.
Em Daulatdia há cerca de 600 raparigas com
menos de 18 anos, grande parte delas foram vendidas ou compradas outras
raptadas e levadas à força, são obrigadas a prostituírem-se e acabam por serem
violadas se recusarem receber um cliente, podem mesmo serem violadas em grupo,
espancadas, torturadas e deixadas à fome. Em Daulatdia nenhum homem é obrigado
a usar preservativo. A prostituição infantil está espalhada por todo o bairro
de lata e a sífilis é de 40%
Faridpur
Faridpur fica no distrito central de
Bangladesh e em dois bordéis existem cerca de 900 prostitutas onde mais de
metades não têm nem 16 anos.
Shirin shamim muda de nome consoante o
cliente. Shirin não deve ter 16 anos mas afirma ter 22 anos. Pinta os lábio de
vermelho e os olhos de preto, calça sapato alto. Trabalha há três meses num
bordel e dá todo o seu rendimento à sua madame para pagar a sua liberdade e
poder procurar a mãe. Para Shirin a sua história não é mais triste do que a de
outras raparigas, é igualmente dramática. Depois do pai morrer a mãe de Shirin
casou-a com 13 anos com um rapaz de 20 anos, alguns dias depois começou a
bater-lhe e a beber muito álcool, Shirin fugiu e foi ter com a mãe, começou a
trabalhar numa loja onde conheceu um rapaz, namorou com ele 4 meses, logo
depois levou-a para um bordel onde a vendeu. Shirin ainda tem esperança de
conseguir comprar a sua liberdade.
Existem centenas de histórias tristes e
dramáticas e é preciso fazer mais, ajudar mais e importarmos-nos mais. As redes
de prostituição, em países pobres, principalmente, são uma calamidade. São infâncias
roubadas, vidas perdidas, histórias de dor e sofrimento.
Criam-se guerras por dinheiro, por
diamantes, matam-se pessoas inocentes em nome de Deus mas ninguém luta e ninguém
faz uma guerra para ajudar a combater o tráfico sexual e infantil. Porque é que
a mentalidade do ser humano está programada para fazer o mal? Quando é que
vamos fazer uma “guerra” por uma causa que realmente vai ajudar a tornar o
mundo um local melhor? Onde todos temos condições iguais, onde a vida é
respeitada?