O
português que salvou cerca de 30 mil pessoas morreu na miséria e desonrado no
dia três de Abril de 1954, tinha 69 anos. A censura proibiu a notícia da sua
morte.
Portugal foi um país neutro durante a segunda
grande guerra, assim como a Espanha, a Suécia, a Suíça e o vaticano. Salazar
não tinha outra opção senão manter Portugal afastado da guerra, se ficasse do
lado dos Aliados, os alemães invadiriam Portugal através de Espanha porque os
nazis ajudaram os espanhóis durante a guerra civil Espanhola se Portugal
deixasse claro que estaria ao lado de Hitler Inglaterra colocaria as tropas
Inglesas em território português pois Portugal tem um pacto antiquíssimo com Inglaterra,
o tratado de Windsor assinado em 1386. Salazar lavou as mãos, apesar de todos
saberem da preferência pelo Hitler.
Aristides de Sousa Mendes era cônsul
geral de Portugal em Bordéus, França e também exercia advocacia. Em 1940
milhares de judeus e ciganos pediram vistos em Bordéus para entrarem na
Península Ibéria mas nem Portugal nem Espanha concediam os vistos aos
refugiados. Aristides pediu autorização ao conselho português para que lhe
fosse permitido dar os vistos e poder salvar milhares de vidas, mas a resposta
era sempre negativa. Aristides não ficou conformado com a situação e agiu por
conta própria, desobedeceu a ordens directas do ditador Salazar, consciente e
responsavelmente carimbou cerca de 30 mil vistos de entrada em Portugal salvando
assim milhares de seres humanos do holocausto, afirmando:” não participo em
chacinas, por isso desobedeço a Salazar”.
Em junho de 1940 foi castigado por Salazar
que o afastou da carreira diplomática e o impediu de exercer advocacia também
proibiu os filhos de Aristides de frequentarem a Universidade, até o irmão foi
despedido. Por causa deste castigo ficou na miséria e com dividas arrastando
consigo a sua esposa Angelina e os seus 12 filhos. Schmil Goldberg era judeu e americano e estava em
Lisboa a prestar auxílio aos judeus refugiados da guerra, foi na cozinha da comunidade Israelita onde
conheceu o Dr. Sousa Mendes que ajudou milhares de pessoas a fugirem do
nazismo, sentiram a obrigação de o ajudarem e fizeram-no. Deram a oportunidade
a alguns dos seus filhos de poderem emigrarem para a América ou Canadá, quando
chegarem-se e se estabelecessem mandariam cartas de chamada aos outros.
Em 1967
yad vashem, autoridade estatal israelita homenageou Aristides de Sousa Mendes
com a sua mais alta distinção uma medalha com a inscrição do Talmude “Quem salva
uma vida humana é como se salvasse um mundo inteiro”.
Em 1979 o presidente da república
portuguêsa, Mário Soares, dá o título póstumo da Ordem da Liberdade a Aristides de Sousa Mendes.
A vida de Sousa Mendes só é conhecia em
1976 com o artigo o “caso” Sousa Mendes de António Colaço no Diário Popular.
Em 1988 a assembleia da república e o
governo português finalmente procedem à reabilitação oficial de Aristides
porque foram pressionados pelos filhos e pelos americanos.
Salvou milhares de vidas e não teve
direito a um funeral digno, ficou durante anos esquecido pelo poder da
ditadura, anos depois do 25 de Abril continua a estar quase esquecido pelos
portugueses, a mentalidade salazarista ainda está presente.
O diplomata Aristides agiu em vez de
ficar a lamentar-se e a firmar de que os judeus estavam a ser bem tratados e
que nunca pensou que estivessem a ser assassinados à vista de todos, ele fez um
bem não meteu a cabeça debaixo da terra. Orgulho-me de ter um compatriota que
não teve medo das consequências e enfrentou um ditador.